Escrevo este post ainda com resquícios da pele de galinha que o concerto de Quinta-Feira (Foge Foge Bandido) me provocou. Ver ali, tão perto, um dos melhores artistas portugueses, cuja combinação de palavras e palavras e acordes já tanto em mim despoletou, é coisa para comover.
Sim, o Manel Cruz existe - em carne e osso.
E desculpem este histerismo. Afinal, sou um adolescente, e isto é coisa própria da idade.
Por mais voltas que a sua musica dê, ele será sempre o Capitão Romance ou Ouvi Dizer dos Ornatos Violeta, mas Manuel Cruz, depois do final dos Ornatos Violeta, continua activo e bem activo.
Em 2004, na pele de Pluto, edita Bom Dia, mas a maior surpresa surge 4 anos depois. Retrocedendo na história, já em 1998 Manuel Cruz cantava e compunha para a sua vertente Foge Foge Bandido mas só 10 anos depois lança o seu disco com lado A e lado B, intitulados de O Amor Dá-me Tesão e Não Fui Eu Que Estraguei, respectivamente. Do álbum destacam-se músicas como Canal Zero, Borboleta, Ninguém é quem queria ser, A sina da cisma, Canção da Lua e esta música que hoje vos trago, Quem Sabe:
Letra:
quem sabe eu nem vos quero bem
quem sabe eu nem sou ninguém
quem sabe eu não sei quem
quem sabe eu sou quem queria ser
quem sabe eu nunca o vou saber
quem sabe eu sou bem melhor
quem sabe o medo é minha cruz
quem sabe o medo é meu motor
quem sabe o medo é luz
quem sabe eu não estou só a tentar desesperadamente uma razão para seguir ou para não parar
pois tudo se passa sem eu ver
Se eu largar eu sinto a sua falta
Se eu agarro ela perde a côr
Ela não é dos meus dedos
É dos meus medos
E faço-me passar por uma flor
Tento imaginar o que ela diz
À espera de aprender
À face da rua existe a lua
Mas não é tua
À margem da estrada não há nada
Mas já te agrada
Tu és o teu mundo
Tu és o teu fundo
Tu és o teu poço
És o teu pior almoço
És a pulga na balança
És a mãe dessa criança
És o mal
És o bem
És o dia que não vem
Agora pára de fazer sentido
Não vês que assim estás a pisar fora da estrada
Vê se agora páras de fazer sentido
Não vês que nada nos dirá mais do que nos diz nada
Vê que o meu coração ainda salta
Quer e julga ser capaz
Não o faça por meus medos
Faça nos dedos
E eu fico para ver o que ele faz
Sem imaginar o que eu não fiz
À espera de viver
À face da chama existe a fama
Mas não te ama
À margem do nada não há estrada
Já não te agrada
Tu és o teu preço
És a tua glória
Tu és o teu medo
És a parte má da história
Vê que o sol ainda brilha
Ainda tem por onde arder
Não é mau
Não é bem
São razões para viver
Agora pára de fazer sentido
Não vês que assim estás a pisar fora da estrada
Vê se agora páras de fazer sentido
Não vês que nada nos dirá mais do que nos diz nada
Se eu largar eu vou sentir a sua falta
Tu és tu sempre que tu és
És mesmo tu quando pensas que és outra coisa
E tu pensas que não mas tu és mesmo bom a ser sempre
Quem és
Daí o teu motivo ser inapagável
Daí o teu desejo ser incontornável
O prazer é tão maleável
Daí o seu valor ser inestimável